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domingo, 2 de janeiro de 2011

A procissão do São Francisco.

Essa a anos aconteceu, mas até hoje diversas pessoas ainda dizem ver a tal procissão.

Há muitos anos uma família moradora da região do São Francisco tinha dois filhos, com o tempo papai e mamãe vieram a falecer até sobrar os dois irmãos.


O mais novo muito adoentado era sempre socorrido pelo seu irmão. Mas a enfermidade foi tanta que meses depois viera a falecer também. O mais velho caíra em depressão profunda ao se encontrar sozinho nesse mundão de Deus. Para tentar se livrar dos maus pensamentos começou a sair toda noite. Naquela época não existia a iluminação pública de hoje na Rua José Real Prado e a penumbra de suas saídas era sua companheira.


Certa noite avistou ao longe um grupo de pessoas numa procissão pela rua. Cada um levando uma vela. O rapaz apressou o passo e resolveu acompanhar a procissão, perguntou a um outro rapaz do seu lado:

- A procissão é de outro lugar? Não conheço nenhuma dessas pessoas aqui.

O rapaz não respondeu, apenas balançou a cabeça. Entendendo como um sim, continuou sua caminhada. A procissão seguia em silêncio, mas ao chegar próxima a linha férrea não seguiu para a igreja e sim em direção ao cemitério. De repente todos começaram a entrar pelo portão do local, mas o rapaz não conseguia entrar, todas as pessoas o atropelavam e passava em sua frente até que só sobrou ele, porém quando ele foi passar o portão se fechou com ele para fora. Ele gritou para o rapaz que o acompanhara:

- Ei amigo, deixe-me entrar também.

- Você não pode, você ainda está vivo.

- Como assim... vivo?

- Você não se lembra mais de mim?

- Não, acho que não.

- Pois eu sou... o seu irmão...

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Marmeleiro e o espírito do copo





Eram três amigos (Ale, Laércio e João) em uma noite de sexta-feira em frente a igreja matriz de Almirante Tamandaré, prontos para mais uma caminhada noturna pelas estradinhas da cidade, mas Laércio aparece com uma nova ideia.



- Piazada, hoje não vai dar para sair, meu pai está cuidando de uma chacára e pediu que eu caçasse um tatu que está acabando com as hortas.



- Mas então vamos todos juntos, caçar o tar do tatu, disse Ale.



E lá se foram os três, chegaram por volta das 9 da noite. Com fome e frio, resolveram se instalar num paiol, onde antes era feito o vinho daquela propriedade, construção antiga, móveis antigos, parecia uma volta ao passado.



Como ainda era muito cedo para caçada, resolveram puxar uma cadeira cada e usar uma tora como mesa. Acenderam o fogão a lenha antigo e botaram uns pinhões na chapa. João puxou de um baralho e começaram um carteado, ficaram umas duas horas nessa labuta. Até que Laércio se levanta, conhecedor do local, vai até uma cozineta e volta com uma garrafa de cachaça. Puxam um copo e continuam no carteado, tomando cachaça e comendo pinhão. De repente ao colocar o copo na mesa Laércio pergunta:



- Lembram da brincadeira do copo na escola?



- Eu nunca acreditei nessa história, respondeu João.



- Eu também não, falou Ale.



- Vamos ver se é verdade? disse Laércio.



Ale parecia amedrontado, mas topou a ideia, João observava incalto, mas em um gole tomou o restante de cachaça no copo e colocou-o virado para baixo sobre a tora.



Os três colocaram as pontas dos dedos no fundo do copo e começaram a perguntar:



- Tem espírito aí?



- Tem algum espiríto aí?



- Espírito você taí?



E nada de espírito se manisfestar. Todos caem na gargalhada, que idiotice pensam. Nesse instante ouvem um barulho de fora da casa e levantam para ver, deve ser o tatu, pensam consigo. Olham pela janela, mas não veem nada. Apenas a penumbra da noite.



Voltam a olhar para a mesa improvisada, e o copo ali parado de cabeça para baixo. Numa última brincadeira um deles fala.



- Espírito?



O copo sozinho se movimenta rapidamente até cair da mesa.






terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Visagem no Humaitá





Ano de 1991


Ano que eu era aluno do Colégio Estadual Ambrósio Bini. situado onde hoje se encontra o Colégio Ayrton Senna. Além de aluno dedicado, sempre fui trabalhador e participante assíduo do Grupo de Jovens da igreja Matriz de Almirante Tamandaré.


Nesse ano o grupo de jovens fez diversas festas e bailes na paróquia. Bailes que serviam para esquentar as noites frias de Julho e arrumar umas namoradinhas por ali.

Recebi um intimato do coordenador do grupo para estar no Salão paroquial às 22 horas da noite de uma sexta-feira, para que pudéssemos limpa-lo e deixa-lo pronto para o baile do sábado seguinte.

De pronto aceitei a tarefa. E sexta-feira às 22 horas lá estava eu e mais uns 20 jovens lavando e limpando o salão paroquial. Terminamos o serviço lá pela 1 hora da manhã, exaustos e o dever cumprido. Chegada a hora de irmos embora veio me o problema, morava eu na Vila Grécia, um pouco acima do Monte Santo, uma caminhada de meia hora ou menos, mas tarde da noite, sem ônibus, sem carro tive por parte do caminho apenas a companhia de alguns amigos. Começamos a caminhar a noite apesar de fria estava clara, a cada esquina alguns amigos entravam em direção às suas casas, mas sempre vinha em meu pensamento o problema de ter mais da metade do caminho para andar sozinho.

Quando chegamos ao ponto de ônibus próximo à entrada do Haras Tamandaré, hoje Parque Anibal Khury, meus últimos amigos adentraram a rua que os levaria a suas casas.

Restou apenas eu, sozinho na Rua Domingos Scucato, comecei minha caminhada lentamente, olhava a penumbra que parecia me engolir e subitamente uma densa neblina começou a se formar. O som do vento batendo nas araucárias, deixava o momento mais perturbador. Havia poucas casas nessa época beirando as ruas, de modo que o sentimento de solidão não poderia faltar. Observei ao longe o próximo ponto de ônibus, antes de começar os conjuntos de casas. Não havia abrigo, mas uma grande pedra, marcava o local de parada. Olhei para a pedra e eis que vejo uma mulher recostada, notei que usava uma calça branca e uma blusa negra, seus cabelos eram negros e vez por outra ela os alisava. Continuei caminhando, sobre uma névoa rasteira, e continuei a olhar para essa mulher às quase 2 da manhã, num ponto de ônibus onde não passava ônibus, minha curiosidade estava a toda, mas quando estava a menos de 10 metro de distância um carro veio em direção contrária e iluminou o ponto de ônibus e eis que ela desaparece na minha frente.

Parei, fiquei estático, já não entendia nada. Não sabia se continuava ou voltava atrás, minha decisão foi continuar, andando lentamente, continuei minha caminhada sem olhar em direção àquela pedra. Passado esse momento apressei o passo, agora a noite parecia se abrir, e eu sem olhar para trás, imaginei o que todo ser humano consciente imaginaria, foi uma miragem, alucinação de minha cabeça.


Logo depois de passar pela entrada do Monte Santo, diminui a velocidade das passadas. E quando iniciei a subida do Humaitá, também comecei a ouvir alguns passos. Passos esses que eu ouvia como um salto ora batendo nas pedras do caminho, ora batendo no asfalto. Apressei o passo novamente, mas não olhava para trás, apenas continuava a caminhada. Os passos que me seguiam também aumentaram as passadas, sendo mais rápidos do que eu.

Os som dos passos começaram a aumentar, e foram aumentando, aumentando, aumentando, que sentia eles muito próximos de mim, quando a fadiga se abateu eu já tinha andando mais da metade da subida e os passos pareciam estar a menos de 1 metro. Então encho-me de coragem e resolvo olhar para trás.

Paro e os passos também cessam.

Olho para trás e não vejo ninguém, mas subitamente os passos continuam, chegam próximos a mim, desviam, acompanho o barulho, eles seguem, eu não vejo nada, contudo continuo a ouvir os passos que seguem em minha frente.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Rodovia dos Minérios na Sexta-feira Santa

Todos conhecemos as crendices populares de que na sexta-feira santa o sobrenatural deixa sua casa e voa pelas imaginações das pessoas, mas o fato ocorrido é verídico. Ocorre pelo ano de 2004. Neste ano um rapaz morador de Almirante Tamandaré, o qual chamaremos de Marcelo, estava a namorar uma moça de Rio Branco do Sul. Um grande problema, tanto Tamandaré quanto Rio Branco não dispunha de muitas atrações culturais. de modo que o rapaz sempre saía de Tamandaré, ia até Rio Branco e depois à capital Curitiba. Isso quase sempre resultava numa distância de quase 60 km, uma hora dirigindo mais ou menos.
Numa dessas noites resolveram assistir uma apresentação. Já é comum na cidade de Curitiba a encenação da Paixão de Cristo na Pedreira Paulo Leminski.

A princípio tudo estava bem, ele saiu com seu Golzinho em direção a Rio Branco do Sul. Pegou sua namorada e lá se foi para apresentação. Na volta, demoraram-se um pouco na pizzaria e quando se deram conta já era quase onze horas, hora de voltar. No trajeto de volta tudo calmo e tranquilio, até passarem pelo bairro de Areias, bairro conhecido por seus bingos. Marcelo olha do lado e mesmo dirigindo vê um Judas de sábado aleluia pendurado em uma árvore e comenta:




- Nossa, tão cedo e já colocaram um Judas para malhar.




A namorada só sorri e continuaram o caminho de volta.




Deixada a moça em casa, Marcelo volta tranquilo para casa. Olha em seu relógio e já é quase meia-noite. Quando passa pelo bairro de Areias, ele vê algo deitado sobre o asfalto, logo nota que é Judas, pensa em passar com o carro por cima, mas teme que alguns pregos colocados talvez no Judas fure seu pneu. No último momento ele desvia do Judas, e rapidamente olha para o retrovisor, para sua surpresa, o Judas se levanta e anda, atravessando a rodovia dos Minérios em direção a Igreja.

Seu coração dispara, Marcelo se mantém firme no volante, mas o fato ocorrido lhe arrepia. A primeira coisa a pensar é: - Era uma pessoa, por Deus eu quase atropelei uma pessoa.

Seguindo mais adiante ele passa pelo bairro de Tranqueira, bairro conhecido pelo tumulo acorrentado, logo que ele passa pela linha férrea, ele começa a se esquecer do ocorrido. Pensando em outras coisas, mas logo mais a frente, antes de chegar ao bairro Mato Dentro, a noite começa a ficar mais escura, uma densa névoa cobre o asfalto. E ao fazer uma curva para direita, eis que surge ao lado do carro ... um cão enorme, que avança no carro, Marcelo quase perde a direção, mas acaba por atropela-lo. Seu coração volta a disparar, novamente o arrepio percorre sua espinha. Ele anda mais uns 50 metros e para no acostamento. Olha pelo retrovisor, apenas um vulto negro deitado sobre o asfalto. Marcelo desce do carro e nota um motociclista que veio logo atrás e ao passar pelo cão quase cai da moto. Ele para ao lado de Marcelo e pergunta:




- Rapaz, você viu o tamanho do cachorro ali atrás. É muito grande.




- Cachorro? Pensei que fosse outro animal pelo tamanho, acho melhor tirá-lo de lá antes que cause um acidente.

O rosto do motociclista se iluminou, e disse:

- Não faça isso rapaz. É perigoso.

- Mas eu não posso deixar ele...

- Já disse rapaz, vá. Lá não é lugar para você.

E dizendo isso com uma voz alterada o motociclista subiu em sua moto e foi embora. Ele seguiu por uns 50 metros e desapareceu.

Marcelo ficou confuso, não sabia o que fazer, mas decidiu pelo certo e voltou até o acidente. A rodovia meio estreita não permitia que os faróis iluminassem o cão estirado no asfalto. Marcelo desceu do carro, caminhou até o cão, deu chutinhos de leve na pata para certificar-se que estava morto. O animal não tinha cauda, mas o corpo tomava quase que uma pista inteira da rodovia. Marcelo se agachou e segurou pelas duas patas traseiras. Assustou-se pelo tamanho, quase que duas patas de um cavalo. O pelo negro denso parecia engolir suas mão. Não conseguiu erquê-lo, então o arrastou e deixou que o corpo rolasse para as canaletas de água de chuva.

Voltou correndo para o carro, virou e se mandou para casa. Aquela noite, Marcelo mal dormiu, parecia que algo o acordava todo tempo. Logo pela manhã, ante de qualquer um acordar, pegou o seu carro e correu até o local. Mas não tinha nennhum cão ali. Apenas as pegadas de pés humanos sobre uma grande mancha de sangue.