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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Visagem no Humaitá





Ano de 1991


Ano que eu era aluno do Colégio Estadual Ambrósio Bini. situado onde hoje se encontra o Colégio Ayrton Senna. Além de aluno dedicado, sempre fui trabalhador e participante assíduo do Grupo de Jovens da igreja Matriz de Almirante Tamandaré.


Nesse ano o grupo de jovens fez diversas festas e bailes na paróquia. Bailes que serviam para esquentar as noites frias de Julho e arrumar umas namoradinhas por ali.

Recebi um intimato do coordenador do grupo para estar no Salão paroquial às 22 horas da noite de uma sexta-feira, para que pudéssemos limpa-lo e deixa-lo pronto para o baile do sábado seguinte.

De pronto aceitei a tarefa. E sexta-feira às 22 horas lá estava eu e mais uns 20 jovens lavando e limpando o salão paroquial. Terminamos o serviço lá pela 1 hora da manhã, exaustos e o dever cumprido. Chegada a hora de irmos embora veio me o problema, morava eu na Vila Grécia, um pouco acima do Monte Santo, uma caminhada de meia hora ou menos, mas tarde da noite, sem ônibus, sem carro tive por parte do caminho apenas a companhia de alguns amigos. Começamos a caminhar a noite apesar de fria estava clara, a cada esquina alguns amigos entravam em direção às suas casas, mas sempre vinha em meu pensamento o problema de ter mais da metade do caminho para andar sozinho.

Quando chegamos ao ponto de ônibus próximo à entrada do Haras Tamandaré, hoje Parque Anibal Khury, meus últimos amigos adentraram a rua que os levaria a suas casas.

Restou apenas eu, sozinho na Rua Domingos Scucato, comecei minha caminhada lentamente, olhava a penumbra que parecia me engolir e subitamente uma densa neblina começou a se formar. O som do vento batendo nas araucárias, deixava o momento mais perturbador. Havia poucas casas nessa época beirando as ruas, de modo que o sentimento de solidão não poderia faltar. Observei ao longe o próximo ponto de ônibus, antes de começar os conjuntos de casas. Não havia abrigo, mas uma grande pedra, marcava o local de parada. Olhei para a pedra e eis que vejo uma mulher recostada, notei que usava uma calça branca e uma blusa negra, seus cabelos eram negros e vez por outra ela os alisava. Continuei caminhando, sobre uma névoa rasteira, e continuei a olhar para essa mulher às quase 2 da manhã, num ponto de ônibus onde não passava ônibus, minha curiosidade estava a toda, mas quando estava a menos de 10 metro de distância um carro veio em direção contrária e iluminou o ponto de ônibus e eis que ela desaparece na minha frente.

Parei, fiquei estático, já não entendia nada. Não sabia se continuava ou voltava atrás, minha decisão foi continuar, andando lentamente, continuei minha caminhada sem olhar em direção àquela pedra. Passado esse momento apressei o passo, agora a noite parecia se abrir, e eu sem olhar para trás, imaginei o que todo ser humano consciente imaginaria, foi uma miragem, alucinação de minha cabeça.


Logo depois de passar pela entrada do Monte Santo, diminui a velocidade das passadas. E quando iniciei a subida do Humaitá, também comecei a ouvir alguns passos. Passos esses que eu ouvia como um salto ora batendo nas pedras do caminho, ora batendo no asfalto. Apressei o passo novamente, mas não olhava para trás, apenas continuava a caminhada. Os passos que me seguiam também aumentaram as passadas, sendo mais rápidos do que eu.

Os som dos passos começaram a aumentar, e foram aumentando, aumentando, aumentando, que sentia eles muito próximos de mim, quando a fadiga se abateu eu já tinha andando mais da metade da subida e os passos pareciam estar a menos de 1 metro. Então encho-me de coragem e resolvo olhar para trás.

Paro e os passos também cessam.

Olho para trás e não vejo ninguém, mas subitamente os passos continuam, chegam próximos a mim, desviam, acompanho o barulho, eles seguem, eu não vejo nada, contudo continuo a ouvir os passos que seguem em minha frente.

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